Os discursos presidenciais em horário nobre são eventos raros e de grande importância nos Estados Unidos. Na quinta-feira, o presidente Joe Biden dirigiu-se à nação em um desses momentos especiais, abordando a necessidade de apoio a Israel e à Ucrânia em suas respectivas lutas, ao mesmo tempo em que busca apoio para um substancial pacote de ajuda destinado a fortalecer esses dois países.
Apoio a Israel: Lições do Passado
Após o ataque terrível realizado por militantes do Hamas em Israel em 7 de outubro, o presidente Biden aproveitou a oportunidade para compartilhar lições valiosas do passado. Ele alertou Israel a não repetir os erros que os Estados Unidos cometeram em sua resposta ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001. Biden fez uma referência direta à prolongada presença militar dos EUA no Afeganistão e no Iraque, enfatizando a importância de não agir com base na raiva.
Em suas próprias palavras, Biden explicou: "Quando estive em Israel ontem, disse que quando a América vivenciou o inferno do 11 de setembro, sentimos uma grande raiva também. Embora tenhamos buscado justiça e a tenhamos alcançado, cometemos erros. Então, eu alertei o governo de Israel a não agir impulsivamente."
Solidariedade com Aliados
A visita do presidente Biden a Tel Aviv, assim como sua visita à Ucrânia em fevereiro, foi uma demonstração clara de solidariedade com os aliados dos Estados Unidos que estão enfrentando inimigos determinados a destruí-los.
Biden destacou a natureza maligna do grupo terrorista Hamas, afirmando: "O grupo terrorista Hamas desencadeou o mal puro e inadulterado no mundo. Infelizmente, o povo judeu talvez saiba melhor do que qualquer um que não há limites para a depravação das pessoas quando desejam infligir dor aos outros." O presidente enfatizou que o Hamas não representa o povo palestino.
Conexão entre Israel e Ucrânia
Biden esforçou-se para estabelecer uma conexão entre as duas guerras aparentemente distantes, explicando que tanto o Hamas quanto o presidente russo, Vladimir Putin, têm como objetivo destruir democracias vizinhas. O sucesso deles pode resultar em uma maior ousadia e busca por conquistas adicionais.
Em suas palavras, "A história nos ensinou que quando os terroristas não sofrem as consequências de seus atos - quando os ditadores não sofrem as consequências de sua agressão - eles causam mais caos, morte e destruição. Eles continuam avançando, e os custos das ameaças para a América e o mundo continuam aumentando."
Apoio Financeiro: Um Investimento Inteligente
Biden enfatizou a importância de pressionar o Congresso para aprovar um pacote de ajuda de emergência que sua administração planeja apresentar na sexta-feira. O presidente pode solicitar um montante de até US$ 60 bilhões em ajuda para a Ucrânia e um total de US$ 40 bilhões para Israel, Taiwan e a fronteira dos Estados Unidos com o México. Esse investimento estratégico, segundo Biden, renderá dividendos para a segurança americana por gerações.
Ele afirmou: "É um investimento inteligente que trará dividendos para a segurança dos Estados Unidos por gerações. Vamos garantir que outros atores hostis na região saibam que Israel está mais forte do que nunca e impedir que esse conflito se espalhe."
Desafios na Opinião Pública
O discurso do presidente Biden visa moldar a opinião pública em relação às guerras, embora ele enfrente desafios. Uma pesquisa da CNBC realizada neste mês revelou que apenas 31% dos americanos aprovam a maneira como Biden lida com a política externa, em contraste com 60% de desaprovação.
Além disso, Biden se dirigiu a uma audiência que parece estar ficando cansada da guerra na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022 com a invasão russa. Uma pesquisa da Reuters/Ipsos neste mês indicou que 41% dos entrevistados concordam que os Estados Unidos deveriam fornecer armas para a Ucrânia, uma queda em relação aos 46% registrados em maio.
Os Estados Unidos já enviaram cerca de US$ 44 bilhões em ajuda de segurança para a Ucrânia desde o início da agressão russa em direção a Kiev, de acordo com o Departamento de Estado.
Diplomacia e Ajuda Humanitária
Além de sua importância no contexto das guerras no exterior, o discurso de Biden também teve um foco na tolerância e compaixão em relação a pessoas de todas as religiões. Ele mencionou um suposto crime de ódio em Chicago, onde um senhorio atacou uma criança muçulmana de seis anos, Wadea Al-Fayoume, e sua mãe. Biden enfatizou a necessidade de denunciar o antissemitismo e a islamofobia.
Em suas palavras finais, o presidente declarou: "Em momentos como este, quando o medo, a suspeita, a raiva e a fúria predominam, temos que trabalhar mais do que nunca para manter os valores que nos tornam quem somos."
Conclusão
O discurso do presidente Joe Biden destaca a importância de apoiar Israel e a Ucrânia em suas lutas, enfatizando as lições do passado e a conexão entre esses conflitos. Além disso, ele pressiona o Congresso para aprovar um pacote de ajuda financeira e busca moldar a opinião pública em um momento desafiador. Ao mesmo tempo, Biden enfatiza a necessidade de tolerância e compaixão, promovendo valores fundamentais em um mundo conturbado.